Chicago — Moradores, autoridades e organizações comunitárias da maior cidade de Illinois discutem o impacto de uma eventual presença da Guarda Nacional, anunciada pelo ex-presidente Donald Trump como medida para conter a criminalidade, apesar de registros oficiais mostrarem redução nos crimes violentos.
O que Trump diz
Na sexta-feira (data não especificada), Trump afirmou ter escolhido “outra cidade” para receber efetivos da Guarda Nacional, sem citar nomes. No entanto, dias antes, ele já havia declarado que a tropa “entraria” em Chicago para lidar com o que classificou como criminalidade “fora de controle”. A mesma estratégia foi aplicada recentemente em Los Angeles e Washington, DC.
Resposta local
O governador de Illinois, JB Pritzker (Partido Democrata), chamou a proposta de “insana” e prometeu barrar a mobilização. A Prefeitura de Chicago também se opôs.
Números da violência
Segundo o Council on Criminal Justice, entre janeiro e junho deste ano o número de homicídios caiu um terço em relação ao mesmo período de 2023. O superintendente da Polícia de Chicago, Larry Snelling, acrescentou que, em 2023, a cidade registrou 125 assassinatos a menos e 700 vítimas de disparos a menos que no ano anterior.
Apesar da tendência de queda, o último feriado do Dia do Trabalho registrou 58 pessoas baleadas — oito delas mortas — incluindo sete feridos em um ataque a tiros em Bronzeville, a poucos metros da sede da polícia.
Comunidade dividida
No Sul da cidade, o técnico esportivo Rob White, que trabalha com jovens em situação de risco no projeto Chicago CRED, considera que tropas federais não resolverão o problema. “A milícia não é a resposta”, disse. Seu colega Kanoya Ali emendou: “A queda nos crimes já está acontecendo. As tropas somos nós”.
No bairro de Canaryville, a opinião é diferente. O morador Tom Stack, 68 anos, afirmou “não ver a hora” de os militares chegarem: “É bom senso. Precisamos tirar os criminosos das ruas”.

Imagem: Internet
Cortes em programas preventivos
White atribui parte da crise à redução de verbas federais para iniciativas de prevenção — cortes defendidos pelo ex-presidente, que costuma criticar políticas criminais de cidades comandadas por democratas.
Possíveis operações migratórias
Trump também sugeriu que a Guarda Nacional poderia apoiar operações do Immigration and Customs Enforcement (ICE). Chicago abriga mais de 800 mil latino-americanos. Em Little Village, bairro de forte presença mexicana, trabalhadores em greve há 13 semanas exigem garantia contra batidas migratórias. O mecânico Arturo Landa teme que a comunidade seja alvo de agentes federais.
O receio levou os organizadores a cancelar o tradicional El Grito Chicago, evento oficial do Dia da Independência do México, marcado para a próxima semana. Em nota, afirmaram que a segurança dos participantes “não pode ser colocada em risco”.
Enquanto a cidade aguarda um possível anúncio formal, especialistas lembram que a Guarda Nacional não possui poder de prisão, exigindo coordenação estreita com a polícia local caso seja convocada.
Com informações de BBC News