A Suprema Corte de Israel decidiu, no domingo (2), que o governo está falhando em fornecer alimentação suficiente a detentos palestinos e ordenou medidas imediatas para assegurar condições nutricionais que garantam “um nível básico de existência”. O veredicto foi emitido por um colegiado de três juízes.
Organizações de direitos humanos israelenses, entre elas a Associação para os Direitos Civis em Israel (ACRI), moveram ação no ano passado alegando que mudanças na política de alimentação vinham causando desnutrição e fome entre prisioneiros palestinos. Após a decisão, a ACRI pediu que a determinação seja cumprida sem demora.
Situação nas prisões
Milhares de palestinos estão detidos em penitenciárias israelenses, parte deles há anos por acusações ligadas ao terrorismo. Desde o início da guerra em Gaza, em 7 de outubro de 2023, outros milhares foram presos. Israel não permite que o Comitê Internacional da Cruz Vermelha visite esses detentos desde então.
Detentos libertados e enviados de volta à Faixa de Gaza relataram à BBC episódios de maus-tratos e tortura por soldados e agentes penitenciários israelenses.
O ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben Gvir, criticou a decisão no X (ex-Twitter), afirmando que os reféns israelenses em Gaza “não contam com uma Suprema Corte que os proteja” e prometeu manter apenas “as condições mínimas exigidas por lei” para os “terroristas presos”.
Cessar-fogo emperrado
Enquanto as negociações por um cessar-fogo seguem travadas, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fez no domingo um “último aviso” ao Hamas para que aceite acordo que prevê a libertação de reféns israelenses. Em publicação na rede Truth Social, Trump disse que Israel aceitou os termos e que “é hora de o Hamas fazer o mesmo”. O grupo respondeu estar disposto a “sentar-se imediatamente à mesa de negociações” após receber “ideias do lado americano” para um pacto de trégua.
Israel ainda não se pronunciou formalmente sobre a proposta, mas insiste na devolução de todos os sequestrados. Das 48 pessoas ainda mantidas em Gaza, cerca de 20 estariam vivas. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu afirma que somente a vitória total sobre o Hamas garantirá o retorno dos reféns.

Imagem: Internet
No sábado, milhares de israelenses protestaram em Tel Aviv cobrando o fim da guerra e um acordo para libertar os sequestrados.
Conflito em Gaza
Apesar de apelos internacionais por um cessar-fogo, Netanyahu disse que as Forças de Defesa de Israel (IDF) intensificarão as operações em Gaza e arredores. Autoridades de saúde locais relataram ao menos 87 mortes nas últimas 24 horas.
Ao longo do fim de semana, a IDF destruiu três prédios de vários andares na Cidade de Gaza. O mais recente, o edifício Al-Roya, foi atingido no domingo após alertas de evacuação. Segundo militares israelenses, o local abrigava equipamentos de inteligência e explosivos do Hamas. O Ministério do Interior palestino nega as acusações e afirma que Israel utiliza alegações “falsas e infundadas” para justificar ataques contra civis.
Conforme o Ministério da Saúde controlado pelo Hamas, 64.368 palestinos morreram desde o início da ofensiva israelense. A ONU considera os números confiáveis, embora Israel os conteste. No ataque de 7 de outubro de 2023, executado pelo Hamas, cerca de 1.200 pessoas foram mortas em Israel.
Com informações de BBC News