O Hamas informou ter recebido “algumas ideias” enviadas pelos Estados Unidos, por meio de mediadores, para viabilizar um acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza. O grupo palestino disse estar discutindo como desenvolver as propostas e se declarou disposto a libertar os 48 reféns que ainda mantém em troca de uma “declaração clara” que encerre a guerra.
Proposta inclui trégua de 60 dias
Um funcionário palestino familiarizado com as negociações afirmou à BBC que o plano norte-americano prevê a libertação de todos os reféns nas primeiras 48 horas de uma trégua de 60 dias. Em contrapartida, Israel soltaria prisioneiros palestinos, inclusive condenados a penas de prisão perpétua, e ambas as partes abririam negociações de boa-fé sobre um cessar-fogo permanente.
Segundo esse interlocutor, o projeto contempla ainda uma garantia pessoal do presidente dos EUA de que as conversas abordarão temas como o desarmamento do Hamas, a criação de um órgão administrativo independente para governar Gaza e a retirada gradual das tropas israelenses. A entrada irrestrita de ajuda humanitária também faz parte do pacote.
Pressão de Trump e resposta israelense
As declarações do Hamas ocorreram após o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump, em postagem na rede Truth Social, afirmar que “todos querem os reféns em casa” e que Israel já aceitou seus termos. “Este é meu último aviso, não haverá outro”, escreveu Trump, dirigindo-se ao Hamas.
Em Budapeste, o ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Saar, confirmou que o governo israelense aceita um acordo que encerre a guerra, desde que inclua a libertação de todos os reféns — apenas 20 ainda seriam considerados vivos — e o desarmamento do Hamas. O ministro da Defesa, Israel Katz, reforçou o recado: “Libertem os reféns e depõem as armas ou Gaza será destruída”.
Ofensiva intensificada em Gaza City
Enquanto as discussões avançam, a ofensiva israelense contra Gaza City se intensifica. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu alertou cerca de um milhão de habitantes a sair imediatamente da região, alegando o início de uma operação terrestre para “conquistar” a cidade. Segundo ele, 50 edifícios de vários andares foram demolidos nos últimos dois dias.

Imagem: Internet
Hospitais locais relataram a morte de pelo menos 40 pessoas na segunda-feira (8) em ataques aéreos, 25 delas em Gaza City e no norte do território. O Exército israelense informou que quatro soldados morreram em combates na mesma área.
Crise humanitária se agrava
O Escritório da ONU para Assuntos Humanitários alertou que a janela para evitar que a fome, já confirmada em Gaza City, se alastre para Deir al-Balah e Khan Younis até o fim do mês está se fechando rapidamente. O órgão pede acesso irrestrito a ajuda, proteção de civis, trégua e libertação dos reféns.
De acordo com o Ministério da Saúde administrado pelo Hamas, ao menos 64.522 pessoas morreram em Gaza desde o início da campanha militar israelense, em 7 de outubro de 2023, quando um ataque do Hamas matou cerca de 1.200 pessoas em Israel e sequestrou 251. O mesmo ministério contabiliza 393 mortes por desnutrição ou fome, seis delas nas últimas 24 horas.
Com informações de BBC News