O desempenho histórico de Travis Hunter, vencedor do Heisman Trophy em 2024 atuando em tempo integral como cornerback e wide receiver em Colorado, está estimulando universidades a testarem mais atletas em ambas as posições na temporada 2025 do futebol americano universitário.
Utah lidera experiência com defesa no ataque
Em Salt Lake City, o técnico Kyle Whittingham buscava renovar o setor ofensivo após contratar o coordenador Jason Beck e o quarterback Devon Dampier, vindos de New Mexico. A solução para adicionar explosão, porém, foi interna: o nickelback Smith Snowden e o linebacker Lander Barton, destaques defensivos em 2024, passaram a revezar no ataque.
Na estreia, vitória por 43 a 10 sobre UCLA em 30 de agosto, Snowden liderou o time em jardas recebidas e ainda correu para um touchdown, enquanto Barton anotou um TD em passe de Dampier. Na semana seguinte, Snowden acumulou duas corridas, três recepções e dois tackles. “Travis Hunter definiu o padrão”, disse o defensor, que em 2024 registrou 10 passes desviados. “Ele abriu portas para quem não conseguia escolher entre ataque ou defesa.”
Efeito Hunter se espalha
Hunter somou 2.625 snaps em duas temporadas nos Buffaloes, número que liderou a FBS em 2023 e 2024. O fôlego extraordinário inspirou programas como Minnesota, Vanderbilt e Syracuse, embora treinadores reconheçam a raridade de alguém suportar carga semelhante.
- Minnesota – O safety Koi Perich, calouro do time ideal da Big Ten em 2024, ganhou espaço no ataque após 565 jardas em retornos e interceptações no ano passado. Em 2025, já soma duas recepções, cinco retornos de punt e cinco tackles em dois jogos.
- Vanderbilt – O defensive back Martel Hight, segundo time All-SEC em retornos, foi avisado pelo consultor ofensivo Jerry Kill durante treinos de inverno: “Você será meu wide receiver titular”. Desde então, treina rotas com o quarterback Diego Pavia e impressiona o técnico Clark Lea pela naturalidade como recebedor.
- Syracuse – O calouro Demetres Samuel Jr., 17 anos, já começou as duas primeiras partidas como safety e deve ganhar ações de wide receiver conforme progride no playbook.
Gestão de snaps é desafio
Whittingham alerta que a maioria dos atletas não aguenta a maratona de Hunter, que chegou a 144 snaps em sua estreia universitária diante de TCU. “Ele é uma anomalia”, disse o treinador. Snowden, por exemplo, atuou 22 jogadas em cada lado da bola na estreia e calcula poder chegar a 70 snaps totais por partida sem comprometer a defesa, sua função principal.
Para equilibrar cargas, Minnesota delimita períodos de treino específicos: Perich pode receber o primeiro passe de um exercício ofensivo e, em seguida, retornar ao grupo defensivo. “Não podemos iniciar a curva descendente de rendimento”, afirma o técnico P.J. Fleck.

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Consultas à NFL e a Deion Sanders
Ante a novidade, técnicos buscam referências. Clark Lea conversou com Liam Coen, novo técnico do Jacksonville Jaguars que selecionou Hunter como a segunda escolha do Draft de 2025, para entender como o atleta será usado na NFL. Jerry Kill também telefonou ao treinador de Colorado, Deion Sanders, sobre rotinas e limitações de um jogador em duas funções.
Perspectiva
Não há consenso se a tendência ganhará escala, mas a porta foi aberta. Para Lea, a lógica é simples: “Não podemos nos dar ao luxo de deixar nossos 11 melhores fora de campo”. Se mais atletas conseguirem repetir, ainda que em menor volume, o feito de Travis Hunter, o futebol americano universitário pode ver cada vez menos barreiras entre ataque e defesa.
Com informações de ESPN.com