Dois dos cinco ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) responsáveis pelo julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro já votaram pela condenação dele por planejamento de golpe de Estado. A decisão final depende de pelo menos mais um voto favorável.
O primeiro a votar, Alexandre de Moraes, afirmou que “não há dúvida” de que houve tentativa de golpe após a derrota de Bolsonaro para Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de 2022. Em seguida, Flávio Dino também considerou o ex-presidente culpado em todas as cinco acusações.
Próximos passos do julgamento
A sessão será retomada na quarta-feira (10), às 9h (12h GMT). O próximo a votar é o ministro Luiz Fux. Caso ele acompanhe Moraes e Dino, forma-se a maioria simples necessária para condenar Bolsonaro.
Se considerado culpado, o ex-chefe do Executivo, que governou de janeiro de 2019 a dezembro de 2022, poderá pegar mais de 40 anos de prisão.
Acusações e réus
Bolsonaro e outros sete réus — entre eles oficiais de alta patente das Forças Armadas — são acusados de tentar impedir a posse de Lula em 1º de janeiro de 2023. Todos negam envolvimento.
Moraes exibiu em plenário um documento intitulado “Operação Verde e Amarela Adaga”, que, segundo ele, detalhava um plano para assassinar Lula, seu vice e o próprio Moraes. O material teria sido produzido na sede do governo, com trechos impressos no Palácio do Planalto.
Para investigadores, a conspiração fracassou por falta de apoio suficiente dentro das Forças Armadas. Moraes sustentou que as articulações resultaram na invasão do Congresso, do STF e do Palácio do Planalto em 8 de janeiro de 2023, quando mais de 1.500 pessoas foram presas.

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Defesa e contexto político
O advogado de Bolsonaro, Celso Vilardi, disse discordar dos votos, mas ressaltou que “sempre respeitará a decisão do Supremo”.
Ausente da sessão, Bolsonaro, de 70 anos, acompanhou o julgamento em casa, em Brasília, sob prisão domiciliar. A defesa alegou problemas de saúde decorrentes da facada sofrida em 2018 durante a campanha eleitoral.
Proibido de usar redes sociais, o ex-presidente não se manifestou durante esta fase do julgamento, mas tem declarado que o processo é politicamente motivado para impedir sua candidatura em 2026. Ele já está inelegível até 2030 por disseminar informações falsas sobre o sistema de votação.
O caso aprofunda divisões no país. Aliados de Bolsonaro afirmam que o colegiado de cinco ministros é parcial, destacando que um deles foi advogado pessoal de Lula e outro, ministro da Justiça em sua gestão. Já críticos do ex-presidente defendem reação firme das instituições para proteger a democracia, restaurada em 1985 após duas décadas de regime militar.
Com informações de BBC News