A Ucrânia exibiu nesta semana os destroços do míssil que atingiu o principal edifício do Gabinete de Ministros, em Kiev, na madrugada de domingo (30). Segundo autoridades, trata-se de um Iskander, míssil de cruzeiro russo com mais de 100 kg de explosivos que, nesta ocasião, não detonou completamente.
Centro de Kiev sob fogo direto
Imagens registradas por jornalistas no momento da ofensiva mostram o projétil fazendo uma curva acentuada antes do impacto, sem qualquer sinal de interceptação pelas defesas aéreas. No interior do prédio — um complexo da era soviética — o último andar teve parte do teto e das paredes destruídos, deixando cabos expostos e buracos no piso.
Especialistas consultados pelo governo confirmam que os fragmentos recolhidos correspondem a um Iskander. “Esse tipo de míssil voa baixo e em alta velocidade, o que dificulta a detecção por radar”, explicou o analista militar Oleksandr Musiienko. Kiev afirma que ainda não dispõe de sistemas de defesa suficientes, como as baterias Patriot, para neutralizar ataques dessa magnitude.
Glide bomb mata idosos no leste
Dois dias depois, na terça-feira (1º), uma bomba planadora russa atingiu moradores da vila de Yarova, no Donbas, enquanto aguardavam o pagamento de suas aposentadorias. Pelo menos 24 pessoas, a maioria idosa, morreram no local. Um furgão dos correios que distribuía os benefícios foi destruído.
O presidente Volodymyr Zelensky classificou o ataque como “selvagem” e voltou a pedir sanções mais duras contra Moscou. O ministro das Relações Exteriores, Andrii Sybiha, falou em “crime hediondo” contra a própria população que o Kremlin alega proteger.
Mísseis com menos peças ocidentais
Segundo Vladyslav Vlasiuk, assessor da Presidência ucraniana, inspeções em destroços de 2022 até hoje indicam queda na presença de componentes ocidentais em armamentos russos, embora eles ainda existam. “Há menos peças estrangeiras, mas aumentou a produção interna de microchips”, afirmou. Ele também citou cooperação ampliada com a China na fabricação de drones, o que dificultaria o bloqueio eletrônico.

Imagem: Internet
Escalada e exaustão das defesas
Os ataques noturnos se tornaram mais frequentes e massivos, com o lançamento de centenas de drones, alguns sem explosivos, para esgotar munições antiaéreas ucranianas. Moradores relatam que, antes, os veículos aéreos não tripulados sobrevoavam a capital; agora, atingem alvos sensíveis no coração da cidade.
“É assustador ver que estão bombardeando o centro”, disse Alyona, que empurrava o carrinho de bebê perto do prédio atingido. “Os drones sempre estiveram aqui”, acrescentou o marido, “mas agora eles acertam.”
Enquanto isso, nas proximidades da linha de frente, bombas de grande poder explosivo chegam quase sem aviso. Os ataques recentes reforçam o apelo de Kiev por mais sistemas de defesa e por ações adicionais para sufocar a indústria militar russa.
Com informações de BBC News