Quase 130 civis foram mortos de forma sumária por grupos islamistas armados no oeste do Níger entre março e junho deste ano, aponta relatório divulgado nesta terça-feira (9) pela organização Human Rights Watch (HRW).
Os ataques se concentram na região de Tillabéri, fronteira com Burkina Faso e Mali, área considerada epicentro da insurgência na última década. Entre os episódios relatados, destaca-se o massacre em uma mesquita em junho, quando mais de 70 fiéis foram executados a tiros durante as orações.
“Havia corpos por toda parte, um em cima do outro”, relatou à HRW uma moradora que perdeu três filhos no ataque.
Mortes, destruição e falta de proteção
Outras ocorrências listadas incluem a invasão da área de Dani Fari, em maio, onde cinco homens e dois meninos foram mortos e ao menos uma dúzia de casas incendiadas. Um pastor descreveu à entidade a cena encontrada após a ação: “Os corpos estavam espalhados, todos perfurados por balas, cada um com pelo menos três tiros”.
Segundo a HRW, testemunhas afirmaram que o Exército nigerino foi alertado sobre as investidas, mas não teria atendido os pedidos de proteção. A junta militar que governa o país desde o golpe de 2023 não se pronunciou sobre o relatório.
Desde a deposição do presidente Mohamed Bazoum, cerca de 1,6 mil civis foram mortos por combatentes ligados ao autodenominado Estado Islâmico (EI) no Níger, informa a HRW, citando dados do grupo de monitoramento de conflitos Acled.

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Marcas de um conflito prolongado
Além das execuções, os jihadistas têm destruído escolas, locais religiosos e imposto restrições severas à população civil, de acordo com o documento. “Grupos armados islamistas estão mirando civis no oeste do Níger e cometendo abusos horrendos”, declarou Ilaria Allegrozzi, pesquisadora sênior da HRW, ressaltando a necessidade de maior proteção governamental na região.
Níger, Mali e Burkina Faso, todos sob comando militar, formaram uma aliança para combater essas facções, reduziram a cooperação com potências ocidentais e recorreram a Rússia e Turquia em busca de apoio de segurança. Apesar disso, os ataques prosseguem, pressionando as autoridades a apresentarem estratégias mais eficazes.
Com informações de BBC News