Seul – O presidente da Coreia do Sul, Lee Jae Myung, afirmou nesta quinta-feira (14) que companhias de seu país ficarão “muito hesitantes” em aplicar recursos nos Estados Unidos depois da grande operação migratória realizada em uma fábrica da Hyundai no estado da Geórgia, na semana passada.
Mais de 300 sul-coreanos detidos durante a ação já foram liberados e devem retornar a Seul na sexta-feira. Segundo Lee, a saída do grupo foi adiada por mais de um dia por orientação da Casa Branca.
De acordo com um representante do Ministério das Relações Exteriores sul-coreano, o presidente norte-americano, Donald Trump, determinou a pausa para verificar se os trabalhadores aceitariam permanecer no país a fim de continuar atuando e treinando mão de obra local.
Em entrevista coletiva que marcou os primeiros 100 dias de seu mandato, Lee descreveu a situação como “extremamente confusa”. Ele lembrou que é prática comum empresas da Coreia do Sul enviarem técnicos para instalar e iniciar linhas de produção no exterior. “Se isso deixar de ser permitido, montar unidades fabris nos Estados Unidos ficará muito mais difícil, levando as companhias a questionar se vale a pena”, disse.
O governo sul-coreano negocia com Washington alternativas de visto para esses profissionais, seja por meio do aumento de cotas já existentes, seja pela criação de novas categorias. “Acredito que os EUA tratarão do assunto se reconhecerem a necessidade prática”, declarou o presidente.
Detalhes da operação
Na ação realizada na semana passada, agentes norte-americanos detiveram 475 pessoas, mais de 300 delas cidadãs sul-coreanas, sob suspeita de trabalho irregular em uma fábrica de baterias considerada um dos maiores projetos estrangeiros na Geórgia.

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A LG Energy Solution, que administra a unidade em parceria com a Hyundai, informou que muitos dos funcionários detidos possuíam diferentes tipos de visto ou estavam cobertos pelo programa de isenção de visto. Um empregado relatou à BBC que a maioria dos detidos era composta por mecânicos contratados para instalar as linhas de produção.
Impacto nas relações bilaterais
A Coreia do Sul, tradicional aliada de Washington na Ásia, prometeu investir dezenas de bilhões de dólares nos EUA, também como forma de compensar tarifas americanas. A imprensa sul-coreana classificou a operação como um “choque” e alertou para possível efeito inibidor sobre novos aportes. Editorial da agência Yonhap pediu que os dois governos “cooperem para reparar fissuras na aliança”.
A Casa Branca defendeu a operação, negando que ela possa desestimular capital estrangeiro. No domingo, Trump mencionou a ação em rede social e cobrou que empresas externas priorizem a contratação de americanos, ressaltando que o governo facilitará a entrada de trabalhadores estrangeiros somente dentro das regras migratórias.
Com informações de BBC News