Al Gore diz que não imaginava liderança climática da China e critica recuo dos EUA

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O ex-vice-presidente norte-americano Al Gore afirmou que, há 25 anos, jamais teria previsto a atual posição da China como principal força na transição energética global. A declaração foi feita em entrevista ao TechCrunch, na qual Gore e Lila Preston, sócia da Generation Investment Management, discutiram o nono relatório anual de clima elaborado pela gestora.

Virada chinesa

Segundo o documento, o país asiático caminha para se tornar o “primeiro Estado eletro” do mundo. Entre os dados citados estão:

  • Metas solares atingidas seis anos antes do prazo;
  • Adição diária equivalente a três usinas nucleares de 1 GW em capacidade solar durante vários meses deste ano;
  • Decisão de abandonar metas de intensidade de carbono e passar a divulgar reduções absolutas de emissões.

Oscilações nos EUA

Gore lamentou que os Estados Unidos tenham “cedido o terreno” devido a mudanças de orientação política entre governos. Ele destacou que:

  • Em 2015, 55% dos investimentos energéticos globais iam para combustíveis fósseis; hoje, 65% se destinam a fontes renováveis;
  • Propostas recentes da Agência de Proteção Ambiental (EPA) pretendem dispensar milhares de usinas a carvão e refinarias de relatar emissões de gases de efeito estufa.

Medição independente de emissões

Para contornar a possível falta de dados oficiais, Gore lembrou que o consórcio Climate TRACE — apoiado financeiramente pela Generation — já monitora 99% das emissões globais, cobrindo 660 milhões de fontes pontuais.

Pressão dos data centers de IA

Lila Preston advertiu que a demanda elétrica de centros de dados deve, no mínimo, dobrar até 2030 — atualmente representam 2% do consumo mundial de energia. Somente os Estados Unidos respondem por cerca de 65% desse aumento. O relatório aponta ainda:

  • Projeto Stargate, anunciado em janeiro pelo presidente Donald Trump, prevê US$ 500 bilhões para construir megacentros de IA no Texas;
  • Uso estimado de um trilhão de galões de água por ano até 2027 para resfriamento.

Injustiça ambiental em Memphis

Gore criticou a operação de turbinas a gás pela xAI, de Elon Musk, durante mais de um ano sem licença em um bairro de Memphis com população 97% negra e risco de câncer cinco vezes acima da média nacional.

Mineração e espaço

Sobre a corrida por minerais críticos, Gore defendeu práticas de extração “responsáveis e sustentáveis”, ressaltando que o volume necessário é pequeno se comparado à exploração diária de combustíveis fósseis. Em relação aos lançamentos de foguetes, considerou que o benefício da observação da Terra supera o impacto das emissões.

Riscos e otimismo

Mesmo apontando sinais alarmantes — como a ausência inédita da ressurgência da corrente de Humboldt na costa oeste da América do Sul —, Gore acredita que a queda de custos das soluções limpas torna a transição “irreversível”, restando o desafio de acelerá-la a tempo de evitar pontos de não retorno climáticos.

Palavras-chave: Al Gore, China, transição energética, Generation Investment Management, Climate TRACE, Estados Unidos, IA, data center, energia renovável, política climática

Com informações de TechCrunch

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