Shankar, único elefante africano do Zoológico Nacional de Délhi, morreu na noite de quarta-feira (data não divulgada) após recusar alimentação e desabar no recinto. Segundo a direção do parque, o animal de 29 anos faleceu cerca de 40 minutos depois, apesar das tentativas de reanimação feitas pela equipe veterinária.
O diretor do zoológico, Sanjeet Kumar, informou que foi aberta investigação para determinar a causa do óbito. Ele afirmou que “não havia registro de doença ou comportamento anormal” até a manhã do mesmo dia.
Do presente diplomático ao isolamento
Shankar chegou à Índia em 1998, ao lado de outro elefante africano, como presente diplomático do Zimbábue ao então presidente indiano Shankar Dayal Sharma. A companheira morreu em 2001. Tentativas de alojar o macho com elefantes asiáticos fracassaram por conta de agressividade entre os animais, levando-o ao isolamento.
Em 2012, Shankar foi transferido para um novo recinto, onde permaneceu sozinho durante 13 anos, contrariando norma federal de 2009 que proíbe manter elefantes isolados por mais de seis meses.
Recorrentes pedidos de transferência
Organizações de proteção animal reivindicavam, há anos, a remoção de Shankar para um santuário que abriga outros elefantes africanos. Em 2021, o grupo Youth For Animals entrou com ação no Tribunal Superior de Délhi, mas o pedido foi arquivado em 2023, quando a corte orientou que o caso fosse analisado por um comitê responsável por transferências de fauna silvestre.
No país, restava apenas um segundo elefante africano em cativeiro — um macho adulto no zoológico de Mysore, Estado de Karnataka. Tentativas de encontrar parceiros para ambos esbarraram em custos, exigências regulatórias e preocupações de bem-estar.
Pressão internacional sobre o zoológico
Em outubro de 2024, a Associação Mundial de Zoológicos e Aquários (WAZA) suspendeu o Zoológico de Délhi, citando denúncias de que Shankar vivia acorrentado. A entidade deu prazo até abril de 2025 para que o animal fosse transferido ou recebesse melhores cuidados, sob pena de exclusão definitiva da instituição.
No dia seguinte à suspensão, um ministro federal visitou o recinto e declarou que a saúde do elefante “parecia melhor”. Em 15 de outubro, o governo anunciou negociações com Zimbábue e Botsuana para trazer uma fêmea como companhia, mas o processo não se concretizou antes da morte do animal.
Reações de ativistas
Nikita Dhawan, fundadora do Youth For Animals, classificou a morte como “devastadora” e “facilmente evitável”, lembrando que a expectativa de vida dos elefantes africanos chega a 70 anos. Para a ativista Gauri Maulekhi, o caso demonstra “apatia institucional e negligência” e exige responsabilização além de uma investigação interna.
Questionado sobre alegações de maus-tratos, o diretor Sanjeet Kumar disse que “todos os cuidados e protocolos foram seguidos” e preferiu não responder detalhes.
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Com informações de BBC News