Mountain View (EUA) – O Google decidiu cancelar sua assinatura corporativa do jornal Financial Times, medida que faz parte de um pacote mais amplo de redução de despesas, segundo fontes ouvidas pela reportagem.
Desde o início de 2025, a companhia vem promovendo ajustes para conter gastos. Entre as iniciativas já adotadas estão:
- Eliminação de 35% dos cargos de gerentes responsáveis por equipes com três ou menos pessoas;
- Programas de saída voluntária em diversas divisões a partir de janeiro;
- Corte de outras assinaturas empresariais de veículos de imprensa, ainda não detalhadas.
A estratégia de enxugamento foi reafirmada no fim de 2024 pela diretora financeira, Anat Ashkenazi, que indicou a intenção de “apertar um pouco mais” as despesas. A diretriz permanece inalterada, mesmo após a controladora Alphabet registrar receita de US$ 96,4 bilhões no segundo trimestre de 2025.
Queda no tráfego para veículos de notícias
O cancelamento da assinatura ocorre em meio a tensões crescentes entre o Google e empresas de mídia. Dados da associação Digital Content Next mostram que o tráfego de referência proveniente do Google Search para publishers caiu 10% entre maio e junho deste ano, enquanto marcas não jornalísticas sofreram retração de 14%.
Levantamento da SimilarWeb aponta reduções ainda mais acentuadas em veículos específicos: CNN (-30%), Business Insider (-40%) e HuffPost (-40%).
Editores atribuem parte da queda ao recurso AI Overviews, que exibe resumos gerados por inteligência artificial diretamente na página de resultados. Pesquisa do Pew Research Center indica que, desde o lançamento da funcionalidade, a taxa de cliques para sites externos recuou entre 56% e 69%. O estudo analisou o comportamento de 900 adultos nos Estados Unidos e revelou que 60% deles obtiveram pelo menos um resumo gerado por IA em buscas realizadas em março de 2025.
Críticas públicas
No início de setembro, Neil Vogel, presidente da People Inc. — maior grupo de publicações impressas e digitais dos Estados Unidos — classificou o Google como “mau ator” ao acusar a empresa de usar o mesmo robô para rastrear sites tanto para o buscador quanto para os recursos de IA.

Imagem: Getty
Em artigo publicado no verão, o executivo-chefe da Digital Content Next, Jason Kint, afirmou que os AI Overviews estariam criando um “ambiente de clique zero”, em que o tráfego termina dentro do próprio Google.
Procurado, o Google não comentou as informações.
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Com informações de TechCrunch