Brasília – A Polícia Federal concluiu que a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) não praticou crimes de coação contra o Supremo Tribunal Federal nem tentou obstruir a investigação que apura invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O relatório final foi encaminhado na sexta-feira (19) ao gabinete do ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no STF.
A apuração começou em junho, depois que a parlamentar anunciou ter deixado o país. À época, Moraes abriu novo inquérito sob a suspeita de que a viagem para a Itália teria o objetivo de frustrar a ordem de prisão expedida contra ela. O ministro também determinou à PF o monitoramento e a preservação dos conteúdos vinculados às redes sociais de Zambelli.
No documento, a PF afirma que as manifestações da deputada “não ultrapassaram o campo da retórica”. As publicações, segundo os investigadores, limitaram-se a opiniões nas redes sociais, especialmente de apoio à política tributária norte-americana, sem reflexo prático em processos penais em curso no Brasil.
Os policiais destacam que, embora Zambelli tenha declarado intenção de ir à Itália para agir de forma semelhante ao deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está nos Estados Unidos, nenhuma iniciativa concreta foi identificada. A delegada responsável ressaltou não haver provas de contatos ou articulações capazes de comprometer o andamento da ação penal.
Bloqueio de redes e uso de contas de terceiros
A investigação confirmou que, após o bloqueio judicial de seus perfis em 4 de junho de 2025, a deputada passou a publicar por meio de contas de terceiros. Ela chegou a informar que transferiria o controle das redes à mãe, Rita Zambelli. A parlamentar foi presa pela polícia italiana em 29 de julho.
Análise sobre doações via Pix
O relatório também examinou a campanha de arrecadação aberta por Zambelli. Entre 8 de maio e 5 de junho, a PF identificou 88 transferências iguais ou superiores a R$ 500. O valor mais alto, de R$ 5 mil, apareceu em diversas operações, incluindo uma doação do empresário Luciano Hang, em 20 de maio. Conforme o levantamento, a deputada movimentou R$ 336 mil entre 8 e 24 de maio.

Imagem: Lula Marques
Zambelli já havia sido condenada a 10 anos de prisão, perda de mandato e pagamento de R$ 2 milhões por danos materiais e morais no caso da invasão ao sistema do CNJ. Ela nega irregularidades.
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Com informações de Gazeta do Povo