Brasília – 21 set. 2025 – O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), intensificou nas últimas semanas o esforço para manter o respaldo do eleitorado fiel a Jair Bolsonaro (PL) sem afastar o segmento de centro que rejeita discursos fortemente ideológicos. A movimentação mira uma eventual candidatura ao Palácio do Planalto em 2026, ainda que o próprio governador afirme ter como prioridade a reeleição no estado.
Apoio de líderes partidários
O projeto eleitoral conta com o incentivo de nomes influentes como Gilberto Kassab (PSD), Ciro Nogueira (PP) e Marcos Pereira (Republicanos). Segundo aliados, a estratégia combina a bênção de Bolsonaro — imprescindível para unir a direita — com a apresentação de Tarcísio como gestor técnico capaz de dialogar com o centro político e econômico.
Pendular entre moderação e embate
Analistas veem na postura ambígua do governador um ativo eleitoral. Para Elton Gomes, professor de Ciência Política da Universidade Federal do Piauí, Tarcísio herda o capital político de Bolsonaro, mas cultiva imagem mais moderada, apta a conversar inclusive com o Supremo Tribunal Federal (STF). Já Adriano Gianturco, do Ibmec-BH, ressalta que candidatos em disputas polarizadas tendem a buscar o “eleitor mediano”.
Pesquisas posicionam governador como principal rival de Lula
Levantamento Genial/Quaest divulgado em 18 de setembro indica o governador como o nome mais competitivo da direita contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em simulação de segundo turno, Lula aparece com 43% das intenções de voto, ante 35% de Tarcísio. O estudo ouviu 2.004 pessoas entre 12 e 14 de setembro, com margem de erro de 2,2 pontos percentuais.
Negativa pública de candidatura
Apesar da especulação crescente, Tarcísio disse em 17 de setembro, em Araçatuba (SP), que pretende disputar a reeleição no governo paulista. A declaração ocorreu após críticas da esquerda à sua atuação em defesa de ampla anistia aos condenados pelos atos de 8 de Janeiro.
Pressão judicial
O ministro Alexandre de Moraes, do STF, solicitou manifestação da Procuradoria-Geral da República sobre pedido de investigação apresentado pelo deputado Rui Falcão (PT-SP). O parlamentar acusa o governador de obstrução de Justiça por ter se reunido em Brasília, durante o julgamento de Bolsonaro, para articular a votação da anistia no Congresso.
Discurso mais duro no 7 de Setembro
O ponto de inflexão ocorreu no ato de 7 de Setembro na Avenida Paulista, quando Tarcísio classificou o que chamou de “ditadura da toga” e “tirania” ao defender anistia aos réus dos protestos. A fala animou a militância conservadora, mas ampliou críticas da esquerda e elevou o risco de novos questionamentos no STF.

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Partidos articulam chapa
Nos bastidores, dirigentes de PL, PSD, PP e Republicanos já discutem eventual aliança em 2026. Valdemar Costa Neto (PL) condiciona a escolha do candidato à decisão de Bolsonaro, porém admite Tarcísio como alternativa — hipótese que exigiria a filiação do governador ao PL. No PP, Ciro Nogueira é citado como possível vice.
Reações da esquerda
Parlamentares governistas, como Lindbergh Farias (PT-RJ), acusam Tarcísio de aderir a pautas antidemocráticas após a virada de tom contra Moraes. Especialistas lembram que o apoio de Bolsonaro traz ganhos, mas também rejeição em parte do eleitorado.
Enquanto equilibra críticas ao Judiciário e agenda liberal que agrada ao mercado, o governador tenta consolidar imagem de gestor confiável — sem romper com a base bolsonarista que pode ser determinante nas urnas de 2026.
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Com informações de Gazeta do Povo