Washington (EUA) – O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou nesta segunda-feira (15) que a Food and Drug Administration (FDA) emitirá em breve um aviso para que médicos evitem prescrever Tylenol a gestantes, alegando uma possível relação entre o analgésico e casos de autismo.
Ao lado do secretário de Saúde, Robert F. Kennedy Jr., na Casa Branca, Trump afirmou que o paracetamol – princípio ativo do produto – “não é bom” para mulheres grávidas e deve ser usado apenas em situações de febre elevada. Segundo ele, o aumento no número de diagnósticos de autismo representa “uma crise horrível”.
Planos do governo
Kennedy detalhou que o FDA pretende:
- Enviar comunicado a profissionais de saúde sobre suposto risco do medicamento;
- Iniciar processo para alteração da bula de Tylenol;
- Lançar campanha de saúde pública sobre o tema;
- Aprovar o uso de Leucovorin, fármaco usado contra toxicidade de quimioterapia, como tratamento para crianças com autismo.
Resposta da fabricante
A Kenvue, responsável pelo Tylenol, contestou as declarações. Em nota, a empresa disse que “evidências científicas independentes mostram claramente que o acetaminofeno não causa autismo” e classificou a orientação anunciada como um risco à saúde das gestantes. A companhia reforçou que o analgésico é considerado a opção mais segura de alívio da dor nessa população.
O que dizem especialistas
Ao longo dos anos, estudos apresentaram resultados divergentes sobre a ligação entre o uso de paracetamol na gravidez e transtornos do desenvolvimento. Uma revisão liderada pela Escola de Saúde Pública de Harvard, em agosto passado, sugeriu maior probabilidade de autismo e outros distúrbios neurodesenvolvimentais, mas reconheceu a importância do medicamento para tratar febre e dor maternas. Já pesquisa publicada em 2024 não encontrou associação significativa.
Entidades médicas como o Colégio Americano de Obstetras e Ginecologistas mantêm a recomendação do paracetamol como um dos poucos analgésicos seguros para gestantes. “Não há evidência robusta que comprove relação causal”, afirmou Monique Botha, professora de psicologia social e do desenvolvimento da Universidade de Durham, lembrando que alternativas para alívio da dor na gravidez são limitadas.

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Diagnósticos em alta
De acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), a taxa de autismo entre crianças de oito anos nos EUA subiu para 2,77% em 2020. Pesquisadores atribuem parte desse crescimento a maior conscientização e a critérios diagnósticos mais amplos, além de avaliarem fatores ambientais.
Trump e Kennedy já haviam prometido, em abril, um “esforço maciço” de testes e pesquisas para descobrir as causas do autismo em cinco meses, apesar de especialistas apontarem tratar-se de uma condição complexa, sem um único fator desencadeante.
Com informações de BBC News
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