Lula pretende defender Estado palestino e criticar sanções dos EUA na abertura da 80ª Assembleia Geral da ONU

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prepara-se para abrir, na terça-feira (23), a 80ª Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York. Segundo o Ministério das Relações Exteriores, o chefe do Executivo brasileiro voltará a pedir o reconhecimento pleno de um Estado palestino e deverá mencionar as recentes tarifas comerciais de 50% impostas pelos Estados Unidos, bem como as sanções da Lei Magnitsky que atingem o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e aliados.

O discurso de Lula será sucedido pelo do presidente norte-americano Donald Trump, o que alimenta especulações sobre possíveis críticas diretas a Washington. Analistas ouvidos pela reportagem avaliam, porém, que o Palácio do Planalto tende a adotar cautela para não provocar novas retaliações.

Anúncios de reconhecimento impulsionam pauta palestina

No domingo (21), Reino Unido, Austrália, Portugal e Canadá passaram a reconhecer oficialmente a Palestina; outros países podem aderir ao movimento nesta semana. O governo brasileiro, que fez esse reconhecimento em 2010, planeja capitalizar o momento, embora especialistas considerem improvável uma recuperação imediata da imagem internacional do país, desgastada pela aproximação com regimes como Irã e Rússia.

Crise com Washington

As relações com os Estados Unidos atravessam fase crítica. Após a cúpula dos Brics em julho, no Rio de Janeiro, na qual Lula defendeu uma ordem mundial sem lastro no dólar, Trump elevou tarifas sobre produtos brasileiros. Na segunda-feira (22), o Departamento do Tesouro estendeu sanções Magnitsky à esposa de Moraes, Viviane Barci de Moraes, e ao Instituto Lex, restringindo o acesso de ambos ao sistema financeiro ocidental.

O especialista Cezar Roedel, da PUCRS, prevê que Lula adotará tom de “vítima” ao tratar das medidas norte-americanas e poderá retomar críticas sobre a dependência do dólar. Já o administrador Alexandre Ostrowiecki acredita que o presidente usará o episódio para fortalecer apoio interno em torno da soberania nacional.

Delegação brasileira limitada

Integrantes da comitiva enfrentam obstáculos para entrar nos EUA. O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, obteve visto apenas na quinta-feira (18) e desistiu da viagem porque sua circulação ficaria restrita a cinco quarteirões. Outros servidores tiveram vistos cancelados devido ao programa Mais Médicos, classificado por Washington como exploração de mão de obra cubana.

Conferência sobre a Palestina

Antes da sessão da ONU, Lula participou, na segunda-feira, da Conferência Internacional de Alto Nível para a Resolução Pacífica da Questão Palestina, organizada por França e Arábia Saudita. No encontro, condenou os ataques do Hamas, mas criticou a resposta israelense, afirmando que “nada justifica destruir 90% dos lares palestinos” ou “usar a fome como arma de guerra”.

O diretor do Departamento de Organismos Internacionais do Itamaraty, Marcelo Marotta Viegas, declarou que o Brasil vê a conferência como oportunidade para ampliar o número de países que reconhecem a Palestina, hoje mais de 147.

Riscos à imagem de mediador e à COP 30

Para o economista João Gabriel Araujo, do Ibmec Brasília, o alinhamento explícito ao lado palestino pode limitar o papel tradicional do Brasil como interlocutor isento. Além disso, denúncias de superfaturamento na organização da COP 30, prevista para 2026 em Belém (PA), ameaçam o protagonismo ambiental que o governo pretende exibir na ONU. O País apresentará o Fundo Florestas Tropicais para Sempre e participará de um evento sobre ação climática, mas receia que o encontro perca força caso delegações reduzam sua participação.

Palavras-chave: Lula, ONU, Palestina, Donald Trump, tarifas, Magnitsky, Brics, Israel, COP30, diplomacia

Com informações de Gazeta do Povo

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