Chisinau – O Partido de Ação e Solidariedade (PAS), liderado pela presidente Maia Sandu, encaminhou-se para uma nova maioria na Assembleia Nacional da Moldávia após as eleições deste domingo (17), consideradas decisivas para o rumo europeu do país.
Com 96% das 1,6 milhão de cédulas apuradas, o PAS alcançava perto de 50% dos votos, enquanto o bloco Patriótico Eleitoral, alinhado a Moscou, ficava abaixo de 25%. A participação superou 52%, superando os índices registrados em pleitos recentes.
Projeções indicam que o partido governista assegurará 54 das 101 cadeiras, dispensando apoio de siglas como o bloco Alternativa ou o populista Nosso Partido para formar governo. Há quatro anos, a legenda havia obtido 52,8% dos votos.
Disputa acirrada fora das urnas
A campanha foi marcada por denúncias de “interferência maciça russa”, segundo Sandu, de 53 anos, reeleita em novembro passado. A chefe de Estado advertiu que a jovem democracia moldava estava ameaçada e conclamou a população: “Não brinquem com seu voto ou perderão tudo”.
O ex-presidente Igor Dodon, principal líder oposicionista, declarou vitória para o bloco Patriótico assim que as seções fecharam, antes mesmo de resultados preliminares, e convocou protestos em frente ao Parlamento nesta segunda-feira (18). Um dos partidos de sua coligação foi impedido de concorrer dois dias antes do pleito por suspeita de financiamento ilícito.
Ameaças e detenções
Autoridades relataram falsos alertas de bomba em seções eleitorais na Itália, Romênia, Espanha, Estados Unidos e em território moldavo. Três pessoas foram detidas sob suspeita de planejar distúrbios após a votação. O presidente do PAS, Igor Grosu, atribuiu os incidentes a “grupos criminosos apoiados por Moscou” e pediu “paciência e calma” até a conclusão oficial da contagem.
Dias antes, dezenas de homens foram presos, acusados de viajar à Sérvia para treinamento com armas e de coordenar atos de instabilidade. Organizações pró-Rússia negaram as acusações, rotulando-as de encenação do governo para angariar apoio.

Imagem: Internet
Transnistria e o voto do enclave
No enclave separatista pró-russo da Transnistria, onde há tropas de Moscou, pouco mais de 12 mil residentes atravessaram a fronteira administrativa para votar em 12 seções instaladas fora da região — número inferior ao de anos anteriores. Filas de carros se formaram ao longo do dia, enquanto a polícia inspecionava documentos e bagagens.
Alguns eleitores reclamaram de longas distâncias e mudanças de local após alertas de bomba, alegando tentativa de desestimular o voto. Ainda assim, muitos afirmaram preferir partidos favoráveis à Rússia.
Rumo à União Europeia
A Moldávia tornou-se candidata à União Europeia em 2022, quatro meses depois da invasão em grande escala da Ucrânia pela Rússia. A guerra no país vizinho, a inflação elevada e denúncias de corrupção fazem parte do cenário que levou a votação a ser vista como decisiva para o futuro do Estado ex-soviético.
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Com informações de BBC News