A sonda Juno, da Agência Espacial Norte-Americana (Nasa), pode ter suas operações finalizadas nas próximas semanas. A fase estendida da missão, que termina em setembro, não conta até o momento com novos recursos federais para continuar além deste mês.
Scott Bolton, pesquisador do Southwest Research Institute (SwRI) e cientista principal do projeto, defendeu a permanência da nave em atividade. Em documento encaminhado à Planetary Society, organização que acompanha programas espaciais, ele destacou que a sonda “oferece uma oportunidade única para investigar regiões até hoje inexploradas do sistema joviano”.
Missão superou expectativas
Lançada em 5 de agosto de 2011, Juno chegou a Júpiter em 4 de julho de 2016, tornando-se o segundo orbitador dedicado ao planeta — o primeiro foi a Galileo, que operou entre 1989 e 2003. O objetivo principal era desvendar a estrutura interna do maior planeta do Sistema Solar. Para isso, a nave foi colocada em órbita polar elíptica, completando uma volta a cada 53 dias.
Ao longo de 35 passagens próximas, a sonda realizou “voos rasantes” a menos de 5 000 km do topo das nuvens, enfrentando intenso cinturão de radiação. Para proteger a eletrônica, os instrumentos foram instalados em um compartimento de titânio.
Descobertas sobre núcleo e polos
As medições do campo gravitacional revelaram que Júpiter possui um núcleo, porém difuso e parcialmente misturado às camadas superiores, contrariando previsões de um núcleo denso. A órbita também permitiu, pela primeira vez, imagens detalhadas dos polos, onde tempestades circulares se mostraram estáveis durante toda a missão.
A câmera de luz visível JunoCam, incluída de última hora, continua funcionando apesar da forte radiação, acrescentando registros no espectro visível às observações em infravermelho.

Imagem: Internet
Fase estendida em risco
Concluída a missão principal em julho de 2021, a Nasa estendeu as operações até setembro de 2025. Desde então, Juno realiza sobrevoos das luas Ganimedes, Europa e Io. Futuras passagens próximas de Tebe, Amalteia, Adrasteia e Métis estavam previstas para a próxima etapa, que a equipe pretende levar até outubro de 2028.
Contudo, a proposta de orçamento apresentada pela Casa Branca para o próximo ano impõe corte de 47 % ao programa de ciência planetária da agência, prevendo o cancelamento de 41 missões em andamento. Caso o Congresso não reverta a medida, a Juno será encerrada neste mês, apesar de estar em bom estado e custar menos que o lançamento de uma nova sonda.
Com informações de Notícias ao Minuto