Brasília – Dois dos cinco ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) responsáveis por julgar o ex-presidente Jair Bolsonaro votaram pela condenação do ex-chefe de Estado por suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.
Os primeiros votos, proferidos na terça-feira (9), foram de Alexandre de Moraes e Flávio Dino, que consideraram Bolsonaro culpado nos cinco itens da acusação. Para que haja condenação, é necessário o apoio de, pelo menos, mais um ministro.
Próximo voto na quarta-feira
A sessão será retomada na quarta-feira (10), às 9h (12h GMT). O próximo a votar é o ministro Luiz Fux. Caso também opte pela culpa, será formada a maioria simples necessária para condenar o ex-presidente.
Possível pena superior a 40 anos
Se for declarado culpado, Bolsonaro, que governou o país de janeiro de 2019 a dezembro de 2022, pode pegar mais de 40 anos de prisão.
Argumentos apresentados pelos magistrados
Em seu voto, Moraes afirmou não haver “dúvida” sobre a existência de tentativa de golpe depois da derrota de Bolsonaro para Luiz Inácio Lula da Silva. Ele classificou o ex-presidente como líder de uma “organização criminosa”.
O ministro revelou um documento denominado “Operação Verde e Amarela Adaga”, que descreveria planos para assassinar Lula, o então vice eleito e o próprio Moraes. Segundo o relator, o material foi elaborado dentro do Palácio do Planalto e parcialmente impresso no local.
Investigadores afirmam que os acusados não obtiveram apoio suficiente das Forças Armadas para levar o plano adiante. Moraes sustentou que as ações culminaram na invasão ao Congresso, ao STF e ao Palácio do Planalto em 8 de janeiro de 2023, uma semana após a posse de Lula, quando mais de 1.500 pessoas foram presas.
Dino também votou pela condenação de Bolsonaro em todos os pontos.

Imagem: Internet
Defesa e ausência do ex-presidente
O advogado Celso Vilardi declarou discordar dos votos, mas afirmou que “sempre respeitará” a decisão da Corte.
Bolsonaro não compareceu à sessão. Seus defensores alegaram problemas de saúde decorrentes da facada sofrida em 2018. O ex-presidente, de 70 anos, acompanhou o julgamento de casa, em Brasília, onde cumpre ordem de prisão domiciliar.
Impedido de usar redes sociais, Bolsonaro não se manifestou durante a leitura dos votos. Em momentos anteriores, disse ver motivação política no processo, que, segundo ele, busca barrar uma eventual candidatura em 2026. Ele já está inelegível até 2030 por ter divulgado boatos sobre o sistema eleitoral.
Acusados e reação pública
Além de Bolsonaro, outros sete réus – entre eles oficiais de alta patente – negam envolvimento na trama. O julgamento aprofunda a divisão política no país. Aliados do ex-presidente criticam a composição do colegiado, argumentando que um ministro atuou como advogado de Lula e outro foi seu ministro da Justiça. Já opositores de Bolsonaro defendem uma resposta firme das instituições diante da ameaça às normas democráticas.
Com informações de BBC News