Edson Fachin assume comando do STF sob tensão com Congresso e Estados Unidos

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O ministro Edson Fachin toma posse nesta segunda-feira (29), às 16h, como novo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF). Discreto, o magistrado sucede Luís Roberto Barroso e inicia o mandato em meio a atritos com o Congresso e críticas do governo dos Estados Unidos à atuação da Corte.

Fachin terá como vice o ministro Alexandre de Moraes, figura central na disputa com o Legislativo e alvo de sanções norte-americanas. Entre os principais desafios estão a reação de parlamentares ao que classificam como ativismo judicial e o desconforto da Casa Branca diante de decisões que atingem empresas de tecnologia e a liberdade de expressão de grupos de direita no Brasil.

Embates imediatos

O novo presidente herda discussões sobre possíveis anistias ao ex-presidente Jair Bolsonaro e aos condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023. A direita busca absolvição total; parte do Centrão defende redução de penas, mantendo Bolsonaro inelegível; já a esquerda quer preservar as punições definidas pelo STF.

Nos primeiros julgamentos desses casos, Fachin acompanhou Moraes, aplicando penas entre 14 e 17 anos de prisão aos réus. Ele não participou da condenação de Bolsonaro, analisada pela Primeira Turma da Corte.

Pauta do primeiro mês

Para os primeiros dias de gestão, Fachin agendou:

  • duas ações que discutem vínculo trabalhista entre motoristas e aplicativos de transporte;
  • processo do PSOL que questiona a cessão de 862 hectares do Parque Nacional do Jamanxim para a ferrovia Ferrogrão;
  • julgamento sobre a aplicação do Estatuto do Idoso a contratos de planos de saúde firmados antes de 2003;
  • análise de ação que obriga policiais a informar o direito ao silêncio no momento da abordagem.

Também caberá a Fachin marcar eventuais sessões sobre a constitucionalidade de lei que venha a anistiar envolvidos no 8 de Janeiro, além de ação do PT contra a aplicação da Lei Magnitsky a Moraes.

Trajetória

Nascido em 8 de fevereiro de 1958, em Rondinha (RS), Fachin formou-se em Direito pela Universidade Federal do Paraná e tornou-se professor titular da instituição. É mestre e doutor pela PUC-SP, com pós-doutorado no Canadá, passagem pelo Instituto Max Planck, na Alemanha, e pelo King’s College, no Reino Unido.

Indicado ao STF por Dilma Rousseff, tomou posse em junho de 2015. Antes, atuou como advogado, procurador jurídico do Instituto de Terras do Paraná, procurador-geral do Incra e procurador do Estado. Autor de obras sobre Direito Civil, é reconhecido por interpretações de cunho progressista.

Votos de destaque

Entre suas decisões mais repercutidas estão:

  • anulação, em 2021, das condenações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Operação Lava Jato;
  • restrições a operações policiais em favelas do Rio de Janeiro, na chamada ADPF das Favelas;
  • posicionamento favorável, em 2015, à descriminalização do porte de maconha para consumo pessoal;
  • apoio, em 2017, ao reconhecimento da união estável entre pessoas do mesmo sexo;
  • voto, em 2021, pela manutenção do artigo 19 do Marco Civil da Internet, defendendo a liberdade de expressão.

Apesar de divergências políticas, Fachin costuma frisar respeito às decisões do Parlamento e garantir amplo direito de defesa aos réus.

Palavras-chave: STF, Edson Fachin, Alexandre de Moraes, Congresso, EUA, Jair Bolsonaro, anistia, Lava Jato, liberdade de expressão, big techs

Com informações de Gazeta do Povo

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