Começou nesta segunda-feira (data conforme fuso local) em Besançon, leste da França, o julgamento do ex-anestesista Frédéric Péchier, 53 anos, acusado de ter envenenado intencionalmente 30 pacientes entre 2008 e 2017. Doze dessas pessoas morreram.
Considerado por colegas um profissional talentoso, Péchier responde em liberdade, sob controle judicial, desde que foi formalmente investigado há oito anos. Caso seja condenado, ele pode pegar prisão perpétua.
Acusações e extensão do processo
O Ministério Público sustenta que o médico adulterava bolsas de medicamentos intravenosos para provocar paradas cardiorrespiratórias, supostamente em represália a colegas. Promotores afirmam que ele era o “denominador comum” nos episódios registrados nas clínicas Polyclinique de Franche-Comté e Clinique Saint-Vincent, ambas em Besançon.
O processo deve durar mais de três meses, até dezembro, e reúne mais de 150 partes civis que representam as 30 vítimas apontadas pela acusação.
Casos que levantaram suspeitas
As primeiras dúvidas surgiram em janeiro de 2017, quando a paciente Sandra Simard, 36 anos, sofreu parada cardíaca durante uma cirurgia de coluna. Após tentativa fracassada de reanimação por outro médico, Péchier aplicou uma injeção; a paciente entrou em coma, mas sobreviveu. Exames detectaram concentração de potássio cem vezes acima do normal na medicação aplicada, o que acionou as autoridades locais.
Nos dias seguintes, um homem de 70 anos também apresentou complicações graves. Péchier alegou ter encontrado três bolsas de paracetamol manipuladas após administrar anestesia geral. Ele afirmou, na época, estar sendo alvo de armação.
Investigações retroativas
Investigadores passaram então a revisar incidentes graves ocorridos desde 2008, envolvendo pacientes de 4 a 89 anos. Em 2009, três pessoas sem histórico cardíaco precisaram ser ressuscitadas durante procedimentos simples na Polyclinique.

Imagem: Internet
Doze casos terminaram em morte. A primeira vítima fatal identificada foi Damien Iehlen, 53 anos, que sofreu parada cardíaca em outubro de 2008 durante cirurgia renal de rotina na Clinique Saint-Vincent. Exames revelaram dose potencialmente letal de lidocaína.
Defesa
À emissora RTL, Péchier declarou na véspera do julgamento que “não há prova de nenhum envenenamento” e vê o processo como oportunidade para “colocar todas as cartas na mesa”. Um de seus advogados afirma que o médico aguarda há oito anos para provar inocência.
Filho de outro anestesista, Péchier permanecerá em liberdade vigiada durante todo o julgamento.
Com informações de BBC News