Maduro convoca milícias civis após ataque dos EUA no Caribe

Date:

Caracas (Venezuela) – A presença de navios de guerra dos Estados Unidos no sul do Caribe, em operação antidrogas, levou o presidente Nicolás Maduro a colocar em prontidão a Milícia Nacional Bolivariana, força formada majoritariamente por civis e criada em 2009 pelo então presidente Hugo Chávez.

O chamado foi feito depois que militares norte-americanos destruíram três embarcações que, segundo Washington, transportavam drogas da Venezuela para os EUA. Ao menos 17 pessoas morreram nessas ações. Para o ministro da Defesa venezuelano, Vladimir Padrino, trata-se de uma “guerra não declarada”.

Idosos à frente do treinamento

Entre os convocados está Edith Perales, 68 anos, moradora do bairro 23 de Enero, bastião chavista em Caracas. Ele mantém uniforme e botas prontos “para defender cada palmo do território”, afirmou.

Nos fins de semana, militares levam tanques, fuzis AK-103 descarregados e cartazes explicativos a comunidades como Petare, onde voluntários sem experiência aprendem noções básicas de manejo de armas. “Se for preciso, dou minha vida pela pátria”, disse o aposentado Francisco Ojeda, 69 anos, após se deitar no asfalto quente para simular posição de tiro. Glady Rodriguez, 67, e Yarelis Jaimes, 38, também aderiram, embora esta última admita nervosismo ao empunhar um fuzil pela primeira vez.

Tensão política crescente

Especialistas ouvidos pela imprensa local afirmam que o destacamento norte-americano é grande, mas insuficiente para indicar invasão em larga escala. Ainda assim, a relação bilateral se deteriorou desde o retorno de Donald Trump à Casa Branca.

Washington não reconheceu a reeleição de Maduro em julho de 2024, alegando que o opositor Edmundo González venceu por ampla margem. Trump classificou a quadrilha Tren de Aragua como grupo terrorista, intensificou deportações de venezuelanos e aumentou para US$ 50 milhões a recompensa por informações que levem à captura de Maduro, acusado de vínculos com cartéis de droga.

Maduro nega as acusações, mas aceitou receber deportados. Após o primeiro ataque a barco, enviou carta pedindo reunião com Trump, sem resposta. Internamente, porém, mantém discurso combativo e ordenou às Forças Armadas (FANB) que preparem as milícias.

Maduro convoca milícias civis após ataque dos EUA no Caribe - Imagem do artigo original

Imagem: Internet

Função de “escudo humano”

O cientista político Benigno Alarcón, da Universidade Católica Andrés Bello, avalia que o objetivo principal não é colocar civis em combate, mas aumentar o custo humano de uma eventual ação militar dos EUA. Segundo ele, mesmo sem treinamento adequado, a simples presença de voluntários pode dissuadir ofensivas.

Maduro afirma que 8,2 milhões de pessoas integram milícias e reservas, número contestado por analistas. Edith Perales, veterano no grupo, reconhece limitações de idade e saúde, mas garante estar pronta: “Vestir o uniforme já é uma responsabilidade”.

Palavras-chave: Venezuela, Nicolás Maduro, milícia, Estados Unidos, Caribe, operação antidrogas, Donald Trump, Hugo Chávez, FANB, tensão internacional

Com informações de BBC

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Share post:

Subscribe

spot_imgspot_img

Popular

More like this
Related

Aplicativo Lootlock quer impedir gastos infantis em jogos e será destaque no TechCrunch Disrupt 2025

O desenvolvedor de software e entusiasta de videogames Nick...

Uso de IA amplia superfície de ataques, diz diretor de tecnologia da Wiz

A proliferação de ferramentas de inteligência artificial (IA) está...

Deputado Mauro Benevides Filho é internado após sofrer AVC

O deputado federal Mauro Benevides Filho (PDT-CE), de 66...

Suíços votam novamente sobre adoção de carteira de identidade eletrônica

Genebra, 9 jun (BBC) – Eleitores suíços participam neste...