WASHINGTON, 18 de setembro de 2025 — A Agência de Imigração e Alfândega dos Estados Unidos (ICE) intensificou o uso de ferramentas digitais para localizar, monitorar e deportar imigrantes em situação irregular. Nos primeiros oito meses do atual governo do presidente Donald Trump, cerca de 350 mil pessoas foram removidas do país, número que inclui 200 mil expulsões conduzidas diretamente pelo ICE, mais de 132 mil pela Alfândega e Proteção de Fronteiras (CBP) e quase 18 mil “autodeportações”, segundo a CNN.
Reconhecimento facial da Clearview AI
A Clearview AI, conhecida por vasculhar fotos publicadas na internet, firmou na semana passada contrato de US$ 3,75 milhões com o ICE para apoiar a divisão Homeland Security Investigations (HSI) na identificação de vítimas e suspeitos em casos de exploração infantil e agressões contra agentes. A agência já havia comprado, em setembro de 2024, software forense da empresa por US$ 1,1 milhão e, em 2023, adquirido licenças de reconhecimento facial por quase US$ 800 mil.
Spyware da israelense Paragon Solutions
Em setembro de 2024, o ICE fechou acordo de US$ 2 milhões com a fabricante de spyware Paragon Solutions. O governo Biden suspendeu o contrato pouco depois para verificar o cumprimento da ordem executiva sobre uso de softwares espiões. Na semana passada, a atual administração removeu a suspensão, reativando o negócio, cujo escopo prevê licença, hardware, garantia, manutenção e treinamento. Não há clareza sobre quando o sistema estará operacional nem se será usado pelo ICE ou pela HSI.
Desbloqueio de celulares com Magnet Forensics
Também em setembro, a HSI assinou contrato de US$ 3 milhões com a Magnet Forensics. O acordo fornece licenças de software capazes de extrair e analisar dados de vários dispositivos, inclusive os desbloqueadores de smartphones conhecidos como Graykey, produto incorporado à empresa após fusão com a Grayshift em 2023.
Consultas em bases de dados da LexisNexis
O ICE mantém assinatura do serviço Law Enforcement Investigative Database Subscription (LEIDS) da LexisNexis, pagando US$ 4,7 milhões em 2025 pelo acesso a registros públicos e dados comerciais. Documentos obtidos por grupos de direitos civis revelaram 1,2 milhão de consultas à ferramenta Accurint Virtual Crime Center em apenas sete meses de 2022, utilizadas para verificação de antecedentes de migrantes.
Plataformas de análise da Palantir
A Palantir Technologies ampliou sua parceria com o ICE ao fechar, em setembro de 2024, contrato de US$ 18,5 milhões para o sistema Investigative Case Management (ICM), parte de um acordo iniciado em 2022 avaliado em US$ 95,9 milhões. O banco de dados filtra pessoas por status migratório, características físicas, localização e outras centenas de parâmetros. A empresa também desenvolve o ImmigrationOS, projeto de US$ 30 milhões destinado a rastrear vistos vencidos, registrar autodeportações em tempo real e priorizar alvos para captura.
Com esses contratos, o ICE reúne reconhecimento facial, spyware, desbloqueio de celulares, grandes bases de dados e plataformas de análise para sustentar a atual política de deportações em larga escala.
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Com informações de TechCrunch
