A abertura da segunda edição do festival The Town, nesta sexta-feira (5) no Autódromo de Interlagos, em São Paulo, transformou o espaço em um grande encontro dedicado ao trap. O gênero liderou o line-up e atraiu uma plateia majoritariamente adolescente, marcada por roupas pretas, rodas de mosh e presença de muitos pais acompanhando filhos menores de idade.
Travis Scott comanda a noite
Principal atração, o norte-americano Travis Scott entregou sucessos que marcaram sua carreira, embora tenha mantido postura menos explosiva do que em outras turnês. A mixtape mais recente, “Jackboys 2”, não foi o foco do repertório. Mesmo sem os “pequenos tremores de terra” registrados em shows anteriores, o artista manteve o público em êxtase.
Antes dele, o conterrâneo Don Toliver precisou interromper a apresentação por alguns minutos devido à pressão do público junto à grade. Ainda assim, encerrou o set sob aplausos.
Força nacional no palco
No cenário brasileiro, Matuê levou ao palco The One hits como “É Sal” em versão reggae, repetindo arranjo mostrado em 2023, e canções do novo álbum. A performance manteve a lotação máxima do espaço, ainda que quem estivesse mais longe reclamasse de som baixo e atraso.
Mais cedo, MC Cabelinho abriu as grandes apresentações no mesmo palco e pediu “liberdade para Oruam”, reforçando a frase “MC não é bandido”. Já Felipe Ret assumiu o Skyline. Ambos investiram em cenários elaborados e banda de apoio, tendência cada vez mais comum no trap ao vivo.
Palcos paralelos
Estreante no festival, o palco Quebrada recebeu apenas os paulistas MC Hariel — que convidou MC Marks — e a dupla Tasha & Tracie. Hariel representou o funk da capital, gênero pouco contemplado no dia de abertura.
No SP Square, dedicado ao jazz, a pianista canadense Stacey Ryan e o trombonista brasileiro Joabe Reis tocaram para uma plateia enxuta, esvaziada pela simultânea apresentação de Lauryn Hill no palco The One. A cantora norte-americana revisitou sucessos dos anos 1990 e agradou a quem buscava sonoridades fora do trap.

Imagem: Internet
No Skyline, o nigeriano Burna Boy exibiu seu afrobeats acompanhado de banda e corpo de baile. Mesmo diante de um público que aguardava o headliner da noite, entregou uma das performances mais elogiadas do festival.
Após o show de Travis Scott, os DJs GBR e Victor Lou assumiram um palco menor e, apesar do fluxo de saída, apresentaram sets que misturaram funk de arena e desande.
Estrutura e acessibilidade
A circulação dentro do autódromo voltou a ser ponto crítico, com corredores cheios e sinalização insuficiente, repetindo problemas de 2023. Por outro lado, o público elogiou banheiros adaptados e plataformas elevadas. “Este ano melhorou muito a acessibilidade”, afirmou Frederico, cadeirante fã de Travis Scott.
Stands de marcas comerciais ainda ocupam parte considerável da área destinada aos espectadores, mas o primeiro dia da edição 2025 ficará marcado pela força do trap e pela renovação do público que lotou Interlagos.
Com informações de Folha de S.Paulo