Trabalhador sul-coreano descreve pânico em ação migratória que deteve 475 em fábrica da Hyundai na Geórgia

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Ellabell (Geórgia, EUA) – Um funcionário sul-coreano relatou momentos de “pânico e confusão” durante a operação conduzida pelo Serviço de Imigração e Alfândega dos Estados Unidos (ICE) que prendeu 475 pessoas, na quinta-feira (10h30, hora local), em um complexo industrial da Hyundai e da LG Energy.

O que aconteceu

Segundo o trabalhador, que pediu anonimato, a primeira indicação da ação veio com ligações simultâneas de chefes de equipe ordenando a paralisação imediata das atividades. “As linhas de telefone não paravam; a mensagem era fechar tudo”, contou.

À medida que a notícia se espalhava, parentes tentaram contato com os empregados. No entanto, celulares ficaram trancados nos escritórios, impedindo qualquer resposta.

Números da operação

Detidos: 475 trabalhadores, dos quais cerca de 300 são cidadãos sul-coreanos.
Agentes mobilizados: aproximadamente 400 oficiais estaduais e federais.
Área do complexo: 3.000 acres (cerca de 12 km²).
Valor do investimento: US$ 7,6 bilhões.

Autoridades informaram que alguns colaboradores tentaram fugir, inclusive pulando em um reservatório de esgoto próximo. Todos foram separados por nacionalidade e situação migratória antes de serem levados em ônibus.

Maior ação em um único local

O Departamento de Segurança Interna (DHS) classificou a operação – batizada de “Operation Low Voltage” – como a maior já realizada em um único endereço pela divisão de Investigações de Segurança Interna (HSI).

Steven Schrank, agente do ICE responsável pela ação, afirmou que todos os detidos estavam “irregularmente presentes” no país. Alguns teriam atravessado a fronteira ilegalmente; outros entraram com isenção de visto ou ultrapassaram o período permitido de permanência.

Funções dos detidos

De acordo com o funcionário ouvido pela BBC, a maioria dos presos eram mecânicos encarregados de instalar linhas de produção, contratados por uma prestadora de serviços. Uma parcela menor havia sido enviada da matriz em Seul para treinamentos.

Trabalhador sul-coreano descreve pânico em ação migratória que deteve 475 em fábrica da Hyundai na Geórgia - Imagem do artigo original

Imagem: Internet

Ele acredita que “quase todos” possuíam algum tipo de visto, mas em categoria inadequada ou já expirado. “Sob a administração Trump, não é surpreendente. O slogan é ‘America First’. Quem trabalha legalmente não terá problemas”, disse.

Repercussão das empresas

Em nota conjunta, Hyundai e LG Energy declararam estar “cooperando plenamente” com as autoridades e suspenderam as obras no local. A Hyundai acrescentou que, “pelo entendimento atual, nenhum dos detidos é empregado direto da Hyundai Motor Company” e reforçou compromisso com o cumprimento das leis.

Contexto regional

O complexo de Ellabell, inaugurado em 2023 a 45 minutos de Savannah, foi apontado pelo governador republicano Brian Kemp como o maior projeto de desenvolvimento econômico da história da Geórgia.

Ruby Gould (Cho Dahye), presidente da Associação Coreana-Americana de Savannah, disse estar “chocada” e teme impacto nas relações entre Estados Unidos e Coreia do Sul.

Quando a BBC retornou ao local no fim de semana, poucos sinais da operação permaneciam visíveis, embora equipes de segurança tenham restringido filmagens próximas.

Com informações de BBC News

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